terça-feira, 26 de setembro de 2017

Utilidade

Não existe lugar para mim aqui. Já passou a minha época, minha inocência, já passou o tempo em que eu era querida simplesmente por ser eu.

Hoje eu cresci e preciso ser útil para ter algum valor. Valor que é medido pelo quanto eu posso produzir e não pelo que sou. Minha presença já não vale nada. Sou objeto de interesse para as pessoas, até aquelas que eu mais amo. E dói. Dói saber que recebi uma ligação para fazer favores e não para saber como estou. Dói descobrir que aqueles que pareciam ser amigos, na verdade não são. Que só estão por perto quando precisam de algo. 

É frustrante saber que as relações sempre foram baseadas em trocas, mesmo não sendo monetárias. No fim, isso é tudo o que me sobrou: aceitar que às vezes sou objeto de interesse para alguns. Seja para sexo, para adiantar algum trabalho, para fazer favores, para ser um passatempo, para desestressar, para arrumar a bagunça de alguém, para amar e ser usada como saco de pancada.

Sou útil. Eu sirvo para algo, mas não sou necessária. Descartável seria a palavra correta para se usar. Algo passageiro, sem importância e substituível. 

domingo, 10 de setembro de 2017

Cobrança

Que que cê ta cobrando rapaz
Não sou tua mulher
Eu só não quero sentir coisa demais 
Por alguém que não se permite sentir um pingo sequer

Se tu ta querendo paixão
Me assume e diz o que sente
Não sou parque de diversão
Pra ficar nessa montanha russa contigo
Uma hora diz que quer me namorar
Outra diz que quer ser meu amigo

Eu acredito no que você fala
Mas se falta atitude
As palavras não valem nada
Não adianta jogar verde
Ja conheço tua jogada

Pede pra eu demonstrar
E quando digo o que sinto
Fica nervoso, começa a neurar
Cê não é homem de verdade
É só um moleque frouxo

Que se foda o que sinto
Se tu não for homem o suficiente
Pego minhas tralhas e desisto
Nem sei mais se vale a pena
Tentar fazer dar certo
Mas é que essa porra do teu beijo
Me mantém sempre por perto