terça-feira, 26 de setembro de 2017

Utilidade

Não existe lugar para mim aqui. Já passou a minha época, minha inocência, já passou o tempo em que eu era querida simplesmente por ser eu.

Hoje eu cresci e preciso ser útil para ter algum valor. Valor que é medido pelo quanto eu posso produzir e não pelo que sou. Minha presença já não vale nada. Sou objeto de interesse para as pessoas, até aquelas que eu mais amo. E dói. Dói saber que recebi uma ligação para fazer favores e não para saber como estou. Dói descobrir que aqueles que pareciam ser amigos, na verdade não são. Que só estão por perto quando precisam de algo. 

É frustrante saber que as relações sempre foram baseadas em trocas, mesmo não sendo monetárias. No fim, isso é tudo o que me sobrou: aceitar que às vezes sou objeto de interesse para alguns. Seja para sexo, para adiantar algum trabalho, para fazer favores, para ser um passatempo, para desestressar, para arrumar a bagunça de alguém, para amar e ser usada como saco de pancada.

Sou útil. Eu sirvo para algo, mas não sou necessária. Descartável seria a palavra correta para se usar. Algo passageiro, sem importância e substituível. 

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